O golpe do “Abate do Porco”, segundo a Meta, envolvia até trabalho escravo. Estima-se que 300 mil pessoas sejam exploradas todos os anos.
A Meta anunciou medidas contra o golpe conhecido como “Abate do Porco“, uma fraude financeira sofisticada em que golpistas criam relações de confiança com as vítimas para induzi-las a fazer investimentos fraudulentos, geralmente em criptomoedas. A empresa informou que derrubou mais de 2 milhões de contas relacionadas a esse tipo de esquema apenas em 2023.
O que é “Abate do Porco”
De acordo com a Meta, o golpe é caracterizado por construir uma relação de confiança com as vítimas, geralmente em plataformas de mídia social, aplicativos de namoro ou mensagens diretas. Depois de estabelecer uma conexão emocional, os golpistas convencem as vítimas a investir em esquemas fraudulentos que prometem altos retornos. As vítimas podem até conseguir sacar pequenas quantias inicialmente, mas os golpistas desaparecem com o dinheiro assim que atingem seu objetivo. No Brasil, o golpe é semelhante ao jogo do tigrinho — onde a vítima não obtém retorno depois de investir um quantia mais alta do valor.
Segundo a investigação da empresa, o “Abate do Porco” é um tipo de golpe frequentemente conduzido por organizações criminosas baseadas no Sudeste Asiático, que surgiram durante a pandemia da COVID-19. Esses grupos não apenas roubam bilhões globalmente, mas também empregam trabalho forçado para manter suas operações. Pessoas enganadas por ofertas de emprego falsas são coagidas a trabalhar nesses esquemas sob ameaças de violência física. Estima-se que 300 mil pessoas sejam exploradas anualmente, com perdas globais ultrapassando US$ 64 bilhões.
Como funciona o esquema
Os golpistas usam diversas plataformas, desde aplicativos de namoro até emails, para entrar em contato com potenciais vítimas. Inicialmente, adotam uma abordagem ampla, enviando mensagens genéricas para muitos alvos. Quando uma pessoa responde, outro grupo de golpistas assume, usando táticas personalizadas de engenharia social para convencer a vítima a transferir dinheiro. As vítimas geralmente são redirecionadas para aplicativos controlados pelos golpistas ou sites fraudulentos disfarçados de plataformas de investimento.
Meta segue monitorando esquemas na rede
A Meta disse que nos últimos dois anos, a empresa intensificou esforços para combater essas organizações criminosas em suas plataformas. Utilizando suas políticas de Organizações e Indivíduos Perigosos (DOI), a empresa identificou e baniu entidades criminosas de suas plataformas. A empresa alertou que suas equipes monitoram continuamente novas atividades maliciosas e atualizam sistemas de detecção para impedir a reincidência desses grupos.
A empresa ressaltou que desde 2021, a Meta vem investigado e desarticulado operações criminosas, inicialmente concentradas no Camboja, mas agora também presentes em países como Laos, Mianmar e Emirados Árabes Unidos. Segundo ela, essas operações envolvem parcerias com autoridades policiais, como a polícia real da Tailândia, e organizações não-governamentais especializadas para rastrear e desmantelar esses grupos.
Além de desativar contas fraudulentas, a Meta disse que trabalha para conscientizar os usuários e oferecer ferramentas de proteção em seus aplicativos. Entre os recursos mais recentes estão avisos no Messenger e Instagram, orientando usuários a suspeitar de mensagens não solicitadas de desconhecidos. No WhatsApp, os usuários agora recebem informações contextuais ao serem adicionados a grupos, como quem os adicionou e quando o grupo foi criado. A empresa reforçou que planeja continuar lançando atualizações de segurança e divulgando dicas sobre como evitar fraudes em suas plataformas.