O modelo de monetização não se baseia em anúncios dentro do próprio aplicativo, como acontece no Instagram e Facebook; entenda.
Em 2014, a Meta — ainda sob o nome Facebook — desembolsou cerca de US$ 19 bilhões para adquirir o WhatsApp. Naquele mesmo ano, o app surgiu como um serviço pago que valia US$ 1 por ano, sendo que, o primeiro ano era gratuito. Verdade é que ninguém nunca pagou para usar o WhatsApp mesmo após vencer o prazo anual.
Segundo informações reveladas pelo chefe do WhatsApp, Will Cathcart, o WhatsApp hoje é responsável por movimentar cerca de US$ 10 bilhões anuais para os cofres da Meta, algo próximo de R$ 58,6 bilhões. Os dados foram compartilhados em uma reunião interna e ganhou destaque na imprensa internacional, noticiado pelo portal The Verge.
O modelo de monetização do WhatsApp não se baseia em anúncios dentro do próprio aplicativo — como acontece no Instagram e Facebook —, mas em algo mais sutil e eficiente: a integração entre plataformas. Muitos anúncios exibidos nas redes sociais da Meta levam o usuário diretamente para uma conversa no WhatsApp com a empresa anunciante. Esse canal de contato direto, especialmente popular em mercados como Brasil e Índia, virou uma ferramenta poderosa para negócios, atendimentos e vendas, gerando enorme receita indireta para a companhia.
O WhatsApp no Brasil
O Brasil é um dos principais mercados do WhatsApp, com mais de 150 milhões de usuários ativos, segundo dados da própria Meta. O app é amplamente utilizado não apenas para conversas pessoais, mas também como canal de atendimento ao cliente, vendas via catálogos, e até mesmo transferências financeiras por meio do WhatsApp Pay.
Apesar de seu uso comercial crescente, a empresa reforça que as mensagens trocadas no app são protegidas por criptografia de ponta a ponta, o que significa que nem a Meta consegue ler o conteúdo das conversas. Essa proteção é um dos pilares do serviço, que busca equilibrar monetização e privacidade.
O WhatsApp valia US$1/ano
É curioso lembrar que o WhatsApp começou sua trajetória como um serviço pago, cobrando US$ 1 por ano após o primeiro ano gratuito. Mesmo com essa taxa simbólica, o modelo não era considerado sustentável em larga escala. A mudança para a gratuidade total, após a aquisição pelo Facebook, abriu espaço para a explosão no número de usuários e para as estratégias de integração com o ecossistema da empresa.
A Meta na mira da Justiça
Todo esse sucesso, no entanto, também trouxe desafios legais. Um novo capítulo começa nos tribunais dos Estados Unidos nesta segunda-feira (14), onde a Comissão Federal de Comércio (FTC) acusa a Meta de comportamento monopolista pelas aquisições do WhatsApp e do Instagram.
O julgamento será conduzido pelo juiz James Boasberg, que avaliará se houve violação das leis antitruste. Em caso afirmativo, a Meta pode ser obrigada a se desfazer dessas plataformas — uma decisão que teria repercussões gigantescas no setor de tecnologia.
Com informações: The Verge